terça-feira, 28 de outubro de 2025

O Barco da Poesia

 

(foto pessoal)

"Cada um lê no poema, o poema que traz em si."



Havia um barco no mar 

esperando ser poema 

nas mãos da mulher contemplativa, 

da janela, estreitava o lume.


O fuso horário do lugar

despertara-a cedo, 

o dia era comprido, 

mesmo cumpridos seus afazeres. 


A terra lhe serviria de almofada, 

caminharia descalça 

sobre a areia ainda molhada 

pelas marolas da madrugada.

 

Antes de pegar a pena a rabiscar 

a poesia na tela solitária,

saltaria de contentamento

antes da inspiração da infalível poesia.




3 comentários:

  1. Muito lindo teu poema! E o barco ganhou a poesia que mereci! Lindo!
    beijos praianos, chica

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  2. Querida Roselia,

    Li seu poema com o coração aberto e ele me tocou como quem escuta o mar pela primeira vez. Que beleza há em suas palavras, que serenidade na forma como o simples se faz sagrado.

    A imagem da mulher contemplativa, entre o mar e a janela, é pura entrega. Senti nela o instante em que o poema nasce, não apenas pela escrita, mas pela presença esse estar inteiro no mundo, percebendo a poesia antes mesmo que ela aconteça.

    Há um ritmo manso e luminoso em seus versos, como se cada linha respirasse junto com o dia que desperta. E essa alegria de “saltar de contentamento” antes da inspiração é, para mim, a definição mais bonita do que é ser poeta: celebrar o que vem, mesmo antes de saber o que virá.

    Obrigada por compartilhar essa delicadeza. Seu poema me lembrou que a poesia é um modo de estar viva e que, como você escreveu, cada um lê no poema o poema que traz em si.

    Com carinho e admiração,
    Fernanda

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